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Exposição Universal de Paris, 1900

Se pudesse viajar no tempo iria talvez de balão de ar quente ou de dirigível até à Europa da Belle Époque, nos finais do século XIX e inícios do século XX. Este último foi talvez o século que mais marcou a sociedade contemporânea, aquele que mais inovação e desenvolvimento científico trouxe à Humanidade e, por isso mesmo, voltava bem aos inícios deste tempo, mais especificamente à Exposição Universal de Paris de 1900.

Visitada por mais de 50 milhões de pessoas do mundo inteiro, a capital francesa transformou-se na verdadeira “Cidade das Luzes” para celebrar as conquistas do passado e apresentar ao novo século uma panóplia de invenções e ideais.

No coração Europa que, ainda sem pensar em guerras, florescia confiante e positiva no desenvolvimento humanista e tecnológico, esta visita à Exposição Universal de Paris permitir-me-ia beber de toda uma experiência cultural fascinante. Propositadamente para este evento, foram construídas duas salas de exposições – o Petit Palais e o Grand Palais –, as estações de Orsay, Lyon e Invalides e a ponte Alexandre III – estruturas que permanecem até aos dias de hoje. Foi ainda inaugurada a linha de metro que transportou, pela primeira vez, mais de 10 milhões de passageiros de forma rápida e segura.

A França anfitriã mostrou, nesta exposição única, uma sociedade globalizada, mais ligada do que nunca pelos mais inovadores meios de comunicação, e uma sociedade abastada com gostos burgueses. Entre 14 de abril e 12 de novembro de 1900 foram apresentadas algumas das maiores invenções e ideias do século que fizeram o mundo avançar e, a passo e passo, transformar a sociedade naquilo que somos hoje.


Retrato de uma cidade que borbulha no progresso humano e científico

A um preto e branco que deixa imaginar as cores de uma Paris alegre e viva da Belle Époque, na ponte Alexandre III, construída de propósito para a exposição, destaca-se, em primeiro plano, um casal que olha diretamente para a câmara; ele, com o essencial de moda da época - fato, cartola, bengala e cachimbo na mão, por baixo de um espesso e longo, mas bem tratado bigode – e com um ar sério, altivo e um tanto desconfiado para uma máquina que não lhe é familiar, contrasta com a mulher que, de braço dado sorri confiante e alegre para a inovação que tem à sua frente. Ela não esquece a sombrinha rendada e o chapéu branco bordado com pormenores floridos, indispensável para um dia de sol primaveril.

Na mesma ponte, mas em segundo plano do lado esquerdo, vê-se ainda, desfocado, um rapaz que pedala uma bicicleta – invenção recente que se começava agora a popularizar – e, atrás de si, também desfocados, aquilo que parecem ser três crianças franzinas que , a correr, tentam acompanhar o ritmo da bicicleta.

Já do lado direito, atrás do casal, um grupo de dezenas de cavalheiros – quase como réplicas da personagem masculina que estava em primeiro plano – passeia pela ponte, provavelmente discutindo e opinando sobre a exposição da cidade.

A paisagem envolvente, mostra um cenário tipicamente parisiense – ao fundo, ainda se consegue encontrar o topo da “Dama de Ferro” de Gustave Eiffel, construída anos antes para exposição de 1889. Contudo, a maioria da torre está tapada por várias cúpulas dos edifícios construídos para acolherem as diversas exposições do evento. Nestes edifícios, ao longo da margem do Sena, estão penduradas bandeiras que deixam adivinhar quais os países retratados em cada exposição e mostram a universalidade do progresso humano e a vontade pelo desenvolvimento científico do mundo inteiro.

Mais ao fundo, notam-se ainda duas outras torres altas, mas desta vez são chaminés de uma fábrica. A arquitetura classicista, clara e brilhante, da ponte contrasta com o fumo do ar que sai, ao longe, destas chaminés, numa época nitidamente industrial.

No céu claro, bem longe, voa um balão de ar quente às riscas.

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